Condições que demandam nutrição parenteral em recém-nascidos de risco

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Gabriella Mara Arcie
Pollyana Custódio
Aristides Schier da Cruz
João Arthur Sachser Rocha
Thais Ariela Machado Brites

Resumo

Introdução: Parte dos recém-nascidos (RN) de risco enfrentam complicações que inviabilizam a alimentação com dieta enteral, especialmente os internados em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal. Nesses casos, a nutrição parenteral (NP) é essencial para fornecer o aporte nutricional adequado ao desenvolvimento até que consigam evoluir para alimentação oral exclusiva.


Objetivo: Avaliar as causas e condições que demandam NP em RN de risco, descrever suas características clínicas e analisar as complicações decorrentes desse tipo de nutrição.


Método: Estudo com delineamento transversal e retrospectivo, realizado através da coleta de dados de prontuários de todos os RN que utilizaram NP em UTI neonatal durante o ano de 2022.


Resultado: Dos 686 RN de risco hospitalizados, 20% fizeram uso de NP por tempo mediano de 8 dias. As causas e indicações para o seu uso foram classificadas em 4 categorias: 1) prematuridade; 2) malformações do trato gastrointestinal; 3) grandes operações; 4) adinamia. Quanto às complicações, ocorreram 18 casos de colestase e 18 de infecção do cateter. Dezoito RN em NP evoluíram para óbito. O custo da solução de NP na UTI neonatal foi cerca de 7 vezes maior do que seria aquele da alimentação enteral.


Conclusão: As condições que demandam NP em RN de risco podem ser agrupadas em: prematuridade, malformações do trato gastrointestinal, grandes operações, condições de adinamia gastrointestinal. As 2 principais complicações observadas foram colestase e infecção do cateter.

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Referências

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