Epidemiologia e tratamento da luxação de joelho

Conteúdo do artigo principal

Marcelo Henrique Gomes Muniz
Pedro Toledo Gomes Costa
Cássio Zini
Jose Eduardo Ferreira Manso

Resumo

Introdução: Luxação de joelho é lesão rara e grave, associada à complicações como instabilidade ligamentar, lesões neurovasculares, perda de amplitude do movimento e fraturas associadas. Traumas de alta energia são os mais frequentes, sendo homens jovens os mais afetados.


Objetivos: Analisar as lesões ligamentares e concomitantes, mecanismos de trauma, perfil dos pacientes e o tratamento nas luxações de joelho.


Método: Coleta de dados através de prontuários de pacientes que se enquadravam com o diagnóstico de luxação de joelho abrangendo dados epidemiológicos, terapêuticos e de prognóstico, e atendidos em hospital de referência em trauma. Pesquisaram-se às variáveis demográficas, as causas da luxação, os mecanismos do trauma, lado do joelho luxado, ligamentos lesados e, comprometimento neurovascular, fraturas ou lesões concomitantes e sua classificação de Schenck.


Resultados: O joelho mais afetado foi o direito, com maior acometimento dos ligamentos cruzados, sendo a classificação KDI mais prevalente. Com relação à conduta terapêutica, verificou-se que 18 pacientes (56,25%) tiveram redução espontânea da luxação, enquanto 14 (43,75%) necessitaram realizar redução incruenta. Em relação ao tratamento, 27 (84,37%) foram tratados cirurgicamente, com o fixador externo e reconstrução ligamentar, enquanto 5 (15,62%) ao tratamento conservador com uso de tala gessada inguinopédica e inguinomaleolar, brace e gesso.


Conclusão: A luxação de joelho apresenta, clara predileção por homens jovens, sendo frequentemente causada por acidentes de trânsito, e a alta taxa de lesões associadas resulta em pior prognóstico. Os ligamentos mais acometidos foram os cruzados e a classificação mais prevalente foi o KDI. Essa luxação possui alta taxa de lesões associadas, como fraturas, lesões meniscais e neurovasculares, o que acarreta pior prognóstico afetando a qualidade de vida. A luxação de joelho possui perfil heterogêneo e há divergências entre condutas e dados epidemiológicos.

Detalhes do artigo

Seção
Artigo Original

Referências

Howells NR, Brunton LR, Robinson J, Porteus AJ, Eldridge JD, Murray JR. Acute knee dislocation: An evidence based approach to the management of the multiligament injured knee. Injury. 2011;42(11):1198-204. Doi: 10.1016/j.injury.2010.11.018

Seroyer ST, Musahl V, Harner CD. Management of the acute knee dislocation: The Pittsburgh experience. Injury. 2008;39(7):710-8. Doi: 10.1016/j.injury.2007.11.022

Kennedy JC. Complete dislocation of the knee joint. J Bone Joint Surg Am. 1963;45:889-904.

Schenck-Junior RC. The dislocated knee. Instr Course Lect. 1994;43:127-36.

Pedroni MA, Martins M, Junior AVB, Fratti SR, Secchi F, Iida WC. Luxação traumática de joelho associada a lesão arterial em atleta jogador de futebol. Rev Bras Ortop. 1997;32(12):954-8.

Boyce RH, Singh K, Obremskey WT. Acute Management of Traumatic Knee Dislocations for the Generalist. J Am Acad Orthop Surg. 2015;23(12):761-8. Doi: 10.5435/JAAOS-D-14-00349

Werier J, Keating JF, Meek RN. Complete dislocation of the knee. The long-term results of ligamentous reconstruction. Knee. 1998;5(4):255-60. Doi: 10.1016/S0968-0160(98)00015-5

Engebretsen L, Risberg MA, Robertson B, Ludvigsen TC, Johansen S. Outcome after knee dislocations: a 2-9 years follow-up of 85 consecutive patients. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc. 2009;17(9):1013-26. Doi: 10.1007/s00167-009-0869-y

Harner CD, Waltrip RL, Bennett CH, Francis KA, Cole B, Irrgang JJ. Surgical management of knee dislocations. J Bone Joint Surg Am. 2004;86(2):262-73. Doi: 10.2106/00004623-200402000-00008

Wong C, Tan J, Chang H, Khin L, Low C. Knee dislocations: a retrospective study comparing operative versus closed immobilization treatment outcomes. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc. 2004;12(6):540-4. Doi: 10.1007/s00167-003-0490-4

Levy BA, Fanelli GC, Whelan DD, Stannard JP, Macdonald PA, Boyd JL, et al. Controversies in the treatment of knee dislocations and multiligament reconstruction. J Am Acad Orthop Surg. 2009;17(4):197-206. Doi: 10.5435/00124635-200904000-00001

Clark SJ, Engebresten L. Surgical treatment of acute knee dislocation. Techn Knee Surg. 2011;10:28-36. Doi: 10.2106/JBJS.D.02711

Peskun CJ, Whelan DB. Outcomes of operative and nonoperative treatment of multiligament knee injuries: an evidence-based review. Sports Med Arthrosc. 2011;19(2):167-73. Doi: 10.1097/JSA.0b013e3182107d5f

Robertson A, Nutton RW, Keating JF. Dislocation of the knee. The Journal of bone and joint surgery 2006;88(6):706-11. Doi: 10.1302/0301-620X.88B6.17448

Hollis JD, Daley BJ. 10-year review of knee dislocations; is angiography always necessary. J Trauma 2005;59(3):672–5.

Mills WJ, Barei DP, McNair P. The value of ankle brachial index for diagnosing arterial injury after knee dislocation: a prospective study. J Trauma 2004;56(6):1261–5. Doi: 10.1097/01.ta.0000068995.63201.0b

Green NE, Allen BL. Vascular injuries associated with dislocation of the knee. J Bone Joint Surg Am 1977;59:236–9.

Miranda FE, Dennis JW, Veldenz HC, Dovgan PS, Frykberg ER. Confirmation of the safety and accuracy of physical examination in the evaluation of knee dislocation for injury of the popliteal artery: a prospective study. J Trauma 2002;52(2):247–51. Doi: 10.1097/00005373-200202000-00008

Lachman JR, Rehman S, Pipitone PS. Traumatic Knee Dislocations: Evaluation, Management, and Surgical Treatment. Orthop Clin North Am. 2015;46(4):479-93. Doi: 10.1016/j.ocl.2015.06.004

Twaddle BC, Bidwell TA, Chapman JR. Knee dislocations: Where are the lesions? A prospective evaluation of surgical findings in 63 cases. Journal of Orthopaedic Trauma. 2003;17(3):198-202. Doi: 10.1097/00005131-200303000-00008

Hill JA, Rana NA. Complications of posterolateral dislocation of the knee: case report and literature review. Clin Orthop. 1981;154:212–5.

Wand JS. A physical sign denoting irreducibility of a dislocated knee. J Bone Joint Surg Br. 1989;71(5):862. Doi: 10.1302/0301-620X.71B5.2584265

Crupzacki AP, Pereira CIP, Skare TL. Lesões musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho em indivíduos em home office durante a pandemia Covid-19. BioSCIENCE. 2022;80(2):28-31; Doi: 10.55684/80.2.6

Da Silva MS, Nisiide MA, Rodrigues PH de OR. Abscesso de músculo psoas de provável origem em coluna lombossacral: relato de caso. BioSCIENCE. 2022;80(2):47-50. Doi: 10.55684/80.2.11